top of page

Para preparar a terceira apresentação, a Apresentação Final, comecei a fazer ensaios com Público.

O objectivo era encontrar a estrutura da apresentação e, compreender, clarificar o meu papel na apresentação.

Durante os Intensivos em Arnhem, nunca era possível fazer-se experiências ou ensaios com público. Nunca tínhamos tempo e havia falta de disponibilidade e de salas. Tínhamos também o problema de o público disponível serem os colegas do MTP. Ou seja, se ensaiássemos entre nós, as apresentações iriam perder toda a espontaneidade, uma vez que o Público já conhecia o que ia assistir.

​

As apresentações na ArtEZ (#1 e #2) foram as minhas primeiras experiências com Público. Nenhuma delas teve ensaios. Os problemas técnicos eram evidentes e eu não encontrava a medida justa entre dar demasiadas explicações ou dar pouca informação ao Público 

Estes ensaios permitiram-me perceber e solucionar problemas técnicos, experimentar, ensaiar, criar e definir uma estrutura de apresentação. Através deles, criei um modelo de apresentação. Na Apresentação Final, testei esse modelo. E continuo a fazê-lo. Está constantemente a ser actualizado.

​

A maior dificuldade destes ensaios foi encontrar pessoas disponíveis para participar. Juntar pessoas foi extremamente difícil. Nunca consegui reunir grupos maiores do que 5/6 pessoas.  

Considerando este facto, não queria deixar de agradecer a todos aqueles que disponibilizaram o seu tempo e que de uma forma bastante generosa, aceitaram o meu convite.

Ensaio #1

Data: 16/05/2019

Local: Sala de Teatro, Pólo Cultural das Gaivotas 

Participantes: 6

Vera Moreno

Cricha Carvalho

Nuno Gil

Emanuel Ribeiro

Carlos Gameiro

João Rodrigues

​

​

Neste ensaio propus um questionário ao público. As pergunta eram dirigidas apenas ao público

Este ensaio serviu para testar como é que o público reagia ao jogo de perguntas e, como é que lidava com este formato. Queria também perceber qual a melhor forma de introduzir, explicar e propor o jogo ao público.

Interessava-me perceber como é que o questionário se poderia tornar a própria peça.

Foi uma experiência para testar o dispositivo, o jogo, as questões e a minha articulação no papel de mediadora/Actriz. Para compreender como é que introduzia as perguntas ao Público e como moderava a conversa, a negociação.

​

Houve problemas técnicos durante o ensaio, mas que se ultrapassam com a prática. 

O Público compreendeu imediatamente as regras do jogo. Alguns expressavam mais a sua opinião que outros.

Como comentário geral o jogo pareceu interessante e divertido de participar.  

​

Foi referido o facto do jogo não levar a lado nenhum, de não evoluir. De serem necessárias mais camadas. 

Foi também criticado o facto de no questionário estar escrito 'Actor' e não 'Actriz', que eu deveria assumir que a 'Actriz' era eu.

​

Alguns dos participantes acharam que quanto mais eu instigasse e provocasse o Público a responder, melhor.

 

Numa mesa havia chá para os participantes. Essa atenção também foi notada e referida nos comentários.

1stexp..JPG

Questionário

O questionário #1 foi o proposto ao Público.

O questionário #2 são as escolhas do Público. Tudo o que o Público acrescentou ao questionário original está sublinhado.

#1

1- Para mim, ser público significa:  

A- ser aquele que observa e não o que actua;

B- fazer parte de um colectivo;

C- ser indispensável para que o espectáculo se faça;

D-ser responsável pelo que estou a ver e pelas leituras que faço;

E-ser crítico em relação ao que estou a ver;

2- O que é que eu estou disposto a oferecer:

A- o meu dinheiro (o bilhete);

B- o meu tempo;
C- o meu interesse;

D- o  meu silêncio;

3- Quanto deve custar o bilhete?

A- nada, porque também estou a participar na peça;

B- 5 euros;

C- 7, 5 euros, profissionais do espectáculo e 10 euros público em geral;

D- 10 euros, preço único;

E- deve ser um convite;

F-decido no final consoante a minha experiência;

4- O que é que eu espero receber:

A- um evento cultural que foi pensado, ensaiado e que agora acontece em tempo real;

B- ser desafiado por novas ideias e diferentes perspectivas;

C- ver o trabalho do actor;

D-ser surpreendido;

E-nada, não se trata de uma troca;

5- O público, em relação ao espaço cénico, deve estar:

A- numa plateia separada do palco;

B- ao mesmo nível que os actores, sem a distinção palco/plateia;

C- em pé;

D- é indiferente;

6- Em relação à iluminação da sala, o público deve estar:

A-  às escuras;

B- iluminado;

C- é indiferente;

7- Porque é que eu chamo teatro ao que estou a ver?

A- porque foi classificado por uma entidade/programador como Teatro;

B- porque o que estou a ver foi preparado, ensaiado;

C- porque é repetível: amanhã o mesmo actor vai repetir gestos, palavras, acções a outro público;

D- porque o que está a acontecer é uma representação, não é real;

E- porque o espaço está dividido entre actores/público;

8- Convenções que gostava de manter:

A- apresentação do bilhete à entrada;

B- não há bebidas/comidas durante o espectáculo;

C- o público só intervém quando é convidado a isso;

D- blackout no final;

E- aplausos no final;

9- Como público, tenho o direito a:

A- gostar/não gostar do espectáculo;

B- mostrar o que estou a sentir durante o espectáculo;

C- recusar-me a participar;

D- divertir-me;

E- não estar interessado;

F- não compreender;

G- sair quando quiser;

H- dar a minha opinião;

10- O que é que deve existir na relação actor/público?

A- expectativa;

B- tensão;

C- respeito;

D- distância;

E- a convenção: sabemos que o que está a acontecer não é verdade;

F- intimidade;

G- a responsabilidade de ambas as partes pelo que está a acontecer;

#2

1- Para mim, ser público significa

ser crítico em relação ao que estou a ver;

2- O que é que eu estou disposto a oferecer:

o meu dinheiro (o bilhete), o meu tempo, o meu interesse e o meu silêncio;

3- Quanto deve custar o bilhete?

decido no final consoante a minha experiência;

4- O que é que eu espero receber:

um evento cultural colectivo que foi pensado, ensaiado e que agora acontece em tempo real;

ser desafiado por novas ideias e diferentes perspectivas;

ver o trabalho do actor;

ser surpreendido;

5- O público, em relação ao espaço cénico, deve estar:

o público deve estar onde o actor/encenador decidiu;

6- Em relação à iluminação da sala, o público deve estar:

o público deve estar como o actor/encenador decidiu;

7- Porque é que eu chamo teatro ao que estou a ver?

porque o que estou a ver parte de uma ideia que foi desenvolvida, preparada, ensaiada;

8- Convenções que gostava de manter:

aplausos no final;

9- Como público, tenho o direito a:

gostar/não gostar do espectáculo, mostrar o que estou a sentir durante o espectáculo, recusar-me a participar, divertir-me, não estar interessado, não compreender, sair quando quiser e a dar a minha opinião;

10- O que é que deve existir na relação actor/público?

expectativa;tensão;respeito;

Ensaio #2

Data: 17/05/2019

Local: Sala Polivalente, Polo Cultural das Gaivotas| Boavista 

Participantes: 6

Bernardo Soto

Clara Marchana

Diana Lopes

João Simões

Pedro Moura

Susana Martins

​

​

​

Este ensaio foi no dia a seguir ao ensaio anterior. Isso permitiu-me corrigir e perceber como superar problemas técnicos. E como esses problemas técnicos poluem a comunicação Actriz-Público.

 

Neste ensaio chamei 'questionário' ao dispositivo, em vez de 'jogo', como resposta ao feedback do ensaio do dia anterior.

Utilizar a palavra 'jogo' conduzia o Público a expectativas (ganhar, concorrência, eliminar etapas, etc.) e trazia, ao mesmo tempo, a possibilidade de desilusão por estas não serem preenchidas. E não se trata, de facto, de um jogo.

Reescrevi o questionário (ver #3). E optei por intervir mais, confrontando o Público com as suas escolhas. 

​

O Público foi bastante participativo e as perguntas possibilitaram não só uma conversa entre actriz-público, mas também o diálogo entre os membros do Público.

Não houve falhas técnicas.

O feedback, em geral foi positivo. Alguns participantes disseram que era 'demasiado experimental', referindo-se que estava ainda numa fase muito embrionária. Também foi comentado que quanto menos eu falasse, melhor.

Ao longo do questionário, não foi claro para o Público a que 'espectáculo' se referiam as perguntas do questionário. (1)

 

Neste ensaio também servi chá ao público. Mais uma vez esse facto foi referido nos comentários.

​

​

(1) esta questão nunca foi resolvida durante as experiências com o Público. Só num ensaio antes de estrear a peça no Polo Cultural das Gaivotas é que um dos participantes me corrigiu para 'ensaio do espectáculo'. 

​

2ndexp..JPG

Questionário 

O questionário #1 foi o proposto ao Público.

O questionário #2 são as escolhas do Público. Tudo o que o Público acrescentou ao questionário original está sublinhado.

#3

Acordo #3

1- Para mim, ser público significa:  

A- ser anónimo;

B- ser aquele que observa e não o que actua;

C- fazer parte de um colectivo;

D- ser indispensável para que o espectáculo se faça;

E-ser responsável pelo que estou a ver e pelas leituras que faço;

F-ser crítico em relação ao que estou a ver;

2- Como PÚBLICO, devo oferecer à ACTRIZ:

A- o meu dinheiro (o bilhete);

B- o meu tempo;
C- o meu interesse;

D- o  meu silêncio;

3- Quanto deve custar o bilhete?

A- nada, porque também estou a participar na peça;

B- 5 euros;

C- 7, 5 euros, profissionais do espectáculo e 10 euros público em geral;

D- 10 euros, preço único;

E- depende do número de actores e de onde se passa o espectáculo;

F-decido no final consoante a minha experiência;

4- O que é que eu espero receber:

A- um evento cultural que foi pensado, ensaiado e que agora acontece em tempo real;

B- ser desafiado por novas ideias e diferentes perspectivas;

C- ver o trabalho da ACTRIZ;

D-ser surpreendido;

E-nada, não se trata de uma troca;

5- O PÚBLICO, em relação ao espaço cénico, deve estar:

A- numa plateia separada do palco;

B- ao mesmo nível que a ACTRIZ, sem a distinção ACTRIZ/PÚBLICO;

C- em pé;

D- é indiferente;

E- é uma decisão que deve ser da ACTRIZ;

6- Em relação à iluminação da sala, o PÚBLICO deve estar:

A-  às escuras;

B- iluminado;

C- é indiferente;

E- é uma decisão que deve ser da ACTRIZ;

7- Porque é que eu chamo Teatro ao que estou a ver?

A- porque a ACTRIZ diz que é Teatro;

B- porque o que estou a ver parte de uma ideia que foi desenvolvida, preparada e ensaiada;

C- porque é repetível: amanhã a ACTRIZ vai repetir gestos, palavras, acções a outro PÚBLICO;

D- porque o que está a acontecer é uma representação, não é real;

E- porque o espaço está dividido entre ACTRIZ/PÚBLICO;

8- Convenções que gostava de manter:

A- apresentação do bilhete à entrada;

B- não há bebidas/comidas durante o espectáculo;

C- o PÚBLICO só intervém quando é convidado a isso;

D- blackout no final;

E- aplausos no final;

9- Como PÚBLICO, tenho o direito a:

A- gostar/não gostar do espectáculo;

B- mostrar o que estou a sentir durante o espectáculo;

C- recusar-me a participar;

D- divertir-me;

E- não estar interessado;

F- não compreender;

G- sair quando quiser;

H- dar a minha opinião;

10- O que é que deve existir na relação actor/público?

A- expectativa;

B- tensão;

C- respeito;

D- distância;

E- a convenção: sabemos que o que está a acontecer não é verdade;

F- intimidade;

G- a responsabilidade de ambas as partes pelo que está a acontecer;

#4

1- Para mim, ser PUBLICO significa:  

ser indispensável para que o espectáculo se faça;

2- O que é que eu estou disposto a oferecer:

o meu interesse;

3- Quanto deve custar o bilhete?

7, 5 euros, profissionais do espectáculo e 10 euros público em geral;

4- O que é que eu espero receber:

ser desafiado por novas ideias e diferentes perspectivas;

5- O PÚBLICO, em relação ao espaço cénico, deve estar:

numa plateia separada do palco;

ao mesmo nível que os actores, sem a distinção palco/plateia;

em pé;

é indiferente;

é uma decisão que deve ser da ACTRIZ;

6- Em relação à iluminação da sala, o PÚBLICO deve estar:

é uma decisão que deve ser da ACTRIZ;

7- Porque é que eu chamo Teatro ao que estou a ver?

porque a ACTRIZ diz que é Teatro, foi preparado, ensaiado, é repetível, o que está a acontecer é uma representação, não é real e porque o espaço está dividido entre ACTRIZ/PÚBLICO;

Isto não é Teatro;

8- Como PÚBLICO, tenho o direito a:

apresentação do bilhete à entrada, não há bebidas/comidas durante o espectáculo, o PÚBLICO só intervém quando é convidado a isso e blackout e aplausos no final;

9- O que é que não se deve perder na relação PÚBLICO/ ACTRIZ?

expectativa, tensão, respeito, distância, realidade/ficção, intimidade, responsabilidade e confiança. Comunicação;

Ensaio #3

Data: 27/05/2019

Local: Theatre Room, Polo Cultural das Gaivotas 

Participantes: 5

Cátia Nunes

Emanuel Ribeiro

Mirró Pereira

Nélson Guerreiro

Patrícia Neves Gomes

​

​

Neste ensaio, não fiz nenhum questionário. O foco estava na discussão, na conversa com o Público.

Antes do Público entrar, descrevi detalhadamente a sala e expliquei brevemente o que iria acontecer lá dentro.

​

Havia três cenários na sala:

- uma mesa com chá, um chariot e algumas cadeiras para o Público colocar casacos e malas. Ou sentar-se sempre que quisesse; 

- 6 cadeiras dispostas em círculo, onde haveria a conversa;

- uma mesa com canetas, onde se passaria a terceira parte do ensaio. Só iria haver terceira parte, caso alguém batesse à porta; 

 

Um dos objectivos principais deste ensaio era desenvolver o personagem da Actriz. Fi-lo através de histórias biográficas. Contei três histórias.

A primeira agradecia o facto do público ter aceite participar neste ensaio e explicava as razões pelas quais eu estava feliz por terem vindo.

Depois desta história, dei ao Público um convite para a 'peça'. 

​

Para a 'peça', dirigimo-nos ao segundo cenário, o círculo de cadeiras.

Contei mais duas histórias.

A primeira aconteceu no Teatro de Almada quando estava a fazer uma peça numa sessão especial para escolas. O público era composto por adolescentes e para alguns era a primeira vez que vinham ao teatro. Quando acabou a peça, ninguém aplaudiu.

A última história passa-se em Arnhem, Holanda, num festival de teatro e dança em que os artistas eram portadores de deficiência. 

Através desta última história, digo ao  público que gostava que a 'peça' fosse exactamente o que se passa entre Actriz-Público. Caso o público aceite esta ideia, convido-o a estabelecer comigo as regras para esta 'peça'.

O público aceitou.

Proponho uma conversa para estabelecemos as condições para peça.

Porque eu estava preparada para esta conversa e eles não, sugiro que sempre que seja necessário, eu possa dar-lhes opções de resposta.

A conversa não foi muito fluída, não houve tanta participação como nas outras experiências. As intervenções do Público eram tímidas porque estavam dependentes do que eu propunha. Como não usei o projector, lia as opções no computador e ia escrevendo o que era dito pelo Público.  

 

Depois de acertarmos as condições para a 'peça', fui beber chá. Enquanto bebia chá, disse: 'intervalo'. O público bebeu chá, ficou a conversar na sala ou saiu da sala para ir à casa-de-banho ou fumar.

​

Quando regressámos do intervalo, uma funcionária do Pólo Cultural das Gaivotas bateu à porta. Entregou-me os acordos impressos (Acordo #2) e começou a terceira parte.

Na mesa com as canetas, o terceiro cenário, pedi aos membros do público para lerem o acordo e assiná-lo, caso concordassem. 

Foi interessante a maneira como o público assinou o acordo: fizeram-no sem qualquer hesitação. Eu esperava que esta terceira parte fosse prolongada, que houvesse alguma resistência, perguntas e, até mesmo, discussão. Mas durou apenas 1 minuto.Todos leram e assinaram. 

Eu disse 'blackout' e acabou o ensaio.

​

Aconteceram neste ensaio momentos de diálogo, conversa e momentos de silêncio, onde senti que o Público esperava que eu interviesse. Tentei prolongar os silêncios ao máximo, mas porque se tornavam incómodos, senti sempre a necessidade de intervir. 

Como feedback, alguns membros do público acharam que eu devia ter dado mais alternativas e mais tempo ao público para decidir e reflectir.

Eu achei que estava a dar espaço para que interviessem, ao dizer pouco. Mas, pelo contrário, os participantes ficaram mais dependentes daquilo que eu propunha.

O meu personagem também não era claro: era eu a mediadora do acordo ou era a Actriz a que se refere o Acordo? Quem é que estava a negociar com o público, afinal?

O chá foi outra vez lembrado no feedback. Alguns disseram que durante o intervalo, quando estavam todos a beber chá, se sentiram finalmente como Público.

Nos comentários escritos, houve quem escrevesse 'o chá estava muito bom'. Este comentário que pode ser ao mesmo tempo honesto (o chá poderia, de facto, estar muito bom) e provocativo, reflecte bem a minha luta durante todo este processo: como é que a negociação de um contrato pode tornar-se e pode ser compreendido como um 'espectáculo'?

3rdexp..JPG

Acordos:

Foi este o Acordo proposto ao Público.

O Acordo #1 é o proposto ao Público.

O Acordo #2 são as escolhas do Público

O que foi acrescentado pelo Público ao Acordo original está sublinhado.

#1

No dia 27 de Maio de 2019, entre as 11:30 e as 12:15 horas, a actriz Maria João Falcão (adiante denominada ACTRIZ) e os membros do Público (adiante denominado PÚBLICO), acordam que:

​

1- A ACTRIZ propõe ao PÚBLICO representar uma “peça” que foi pensada, criada, preparada e ensaiada pela própria e que acontece agora em tempo real;

2- O PÚBLICO para assistir entrega à ACTRIZ um “bilhete”;

3- O bilhete deve ser um convite, porque se trata de uma experiência;

4- A peça é o que acontece entre ACTRIZ-PÚBLICO e é responsabilidade de ambos;

5- Como ACTRIZ devo representar o que preparei sem fazer concessões ou sem subestimar o PÚBLICO; 

6- Como ACTRIZ não devo obrigar ninguém a participar;

7- Como PÚBLICO devo assistir e  participar se for convidado a isso;

8- Como ACTRIZ tenho direito a experimentar;

9- Como PÚBLICO tenho direito a

-gostar/não gostar do espectáculo;

-mostrar o que estou a sentir durante o espectáculo;

-não a participar;

-divertir-me;

-não estar interessado;

-não compreender;

-sair quando quiser;

-dar a minha opinião;

10- Não se deve perder na relação ACTRIZ-PÚBLICO?...

11- O espectáculo acaba quando?..

 

 

 

ACTRIZ: ________________________

PÚBLICO: _______________________

​

#2

Acordo#2

​

No dia 27 de Maio de 2019, entre as 11:30 e as 12:15 horas, a actriz Maria João Falcão (adiante denominada ACTRIZ) e os membros do Público (adiante denominado PÚBLICO), acordam que:

​

1- A ACTRIZ propõe ao PÚBLICO representar uma “peça” que foi pensada, criada, preparada e ensaiada pela própria e que acontece agora em tempo real;

2- O PÚBLICO para assistir entrega à ACTRIZ um “bilhete”;

3- O bilhete deve ser um convite, porque se trata de uma experiência;

4- A peça é o que acontece entre ACTRIZ-PÚBLICO e é responsabilidade de ambos;

5- Como ACTRIZ devo representar o que preparei sem fazer concessões ou sem subestimar o PÚBLICO; 

6- Como ACTRIZ não devo obrigar ninguém a participar;

7- Como PÚBLICO devo assistir e  participar se for convidado a isso;

8- Como ACTRIZ tenho direito a experimentar;

9- Como PÚBLICO tenho direito a

-gostar/não gostar do espectáculo;

-mostrar o que estou a sentir durante o espectáculo;

-não a participar;

-divertir-me;

-não estar interessado;

-não compreender;

-sair quando quiser;

-dar a minha opinião;

-estar aqui;

10- Não se deve perder na relação ACTRIZ-PÚBLICO:

- o interesse;

11- O espectáculo acaba quando:

- a ACTRIZ disser 'blackout'.

 

 

 

ACTRIZ: ________________________

PÚBLICO: _______________________

Ensaio #4

Date: 07/06/2019

Local: Sala de Teatro, Polo Cultural das Gaivotas|Boavista 

Participante: 1

prof.ª Eugénia Vasques

​

​

Esta experiência foi uma mentoring session com a minha orientadora externa, a prof.ª Eugénia Vasques. 

Uma sessão one-to-one com o público.

Desta vez dividi o ensaio em duas partes:

- questionário - perguntas projectadas e respostas (A, B, C,...) no chão;

- uma conversa com o público, como na sessão anterior. Esta conversa era guiada pelas minhas perguntas.

 

Este ensaio serviu para pensar com a prof.ª Eugénia Vasques, como é que se pode abandonar o dispositivo e transformar o questionário numa conversa.

Serviu também para perceber que este formato pode ser feito para um espectador. E quando isso acontece, privilegia-se a negociação, a discussão, a conversa. 

Acordos

O Acordo #3 é o proposto ao Público.

O Acordo #4 são as escolhas do Público

O que foi acrescentado pelo Público ao Acordo original está sublinhado.

#3

No dia 7 de Junho de 2019, entre as 11:30 e as 12:15 horas, a actriz Maria João Falcão (adiante denominada ACTRIZ) e o membro do Público (adiante denominado PÚBLICO), acordam que:

​

1- A ACTRIZ propõe ao PÚBLICO representar uma “peça” que foi pensada, criada, preparada e ensaiada pela própria e que acontece agora em tempo real;

2- O PÚBLICO para assistir entrega à ACTRIZ um “bilhete”;

3- O bilhete deve ser um convite, porque se trata de uma experiência;

4- A peça é o que acontece entre ACTRIZ-PÚBLICO e é responsabilidade de ambos;

5- Como ACTRIZ devo representar o que preparei sem fazer concessões ou sem subestimar o PÚBLICO; 

6- Como ACTRIZ não devo obrigar ninguém a participar;

7- Como PÚBLICO devo assistir e  participar se for convidado a isso;

8- Como ACTRIZ tenho direito a experimentar;

9- Como PÚBLICO tenho direito a

-gostar/não gostar do espectáculo;

-mostrar o que estou a sentir durante o espectáculo;

-não a participar;

-divertir-me;

-não estar interessado;

-não compreender;

-sair quando quiser;

-dar a minha opinião;

 

10- Não se deve perder na relação ACTRIZ-PÚBLICO?...

11- O espectáculo acaba quando?..

 

 

 

ACTRIZ: ________________________

PÚBLICO: _______________________

#4

No dia 7 de Junho de 2019, entre as 11:30 e as 12:15 horas, a actriz Maria João Falcão (adiante denominada ACTRIZ) e os membros do Público (adiante denominado PÚBLICO), acordam que:

​

1- A ACTRIZ propõe ao PÚBLICO representar uma “peça” que foi pensada, criada, preparada e ensaiada pela própria e que acontece agora em tempo real;

2- O PÚBLICO para assistir entrega à ACTRIZ um “bilhete”;

3- O bilhete deve custar 5 euros;

4- A peça é o que acontece entre ACTRIZ-PÚBLICO e cada um responsabiliza-se por desempenhar os seus papéis;

5- Como ACTRIZ devo representar o que preparei sem fazer concessões ou sem subestimar o PÚBLICO; 

6- Como ACTRIZ não devo obrigar ninguém a participar e não devo humilhar socialmente o PÚBLICO;

7- Como PÚBLICO o meu papel é social e não artístico. O PÚBLICO não deve confundir-se com a ACTRIZ. E não pode faltar ao respeito à ACTRIZ.

8- Como ACTRIZ tenho direito a experimentar artisticamente;

9- Como PÚBLICO tenho direito a

não gostar do espectáculo;

10- Não se deve perder na relação ACTRIZ-PÚBLICO?...

o interesse e a confiança;

11- O espectáculo acaba quando?..

a ACTRIZ disser 'blackout';

 

 

 

ACTRIZ: ________________________

PÚBLICO: _______________________

​

Ensaio #5

Date: 14/06/2019

Local: Sala de Teatro, Polo Cultural das Gaivotas|Boavista 

Participantes: 5

Bernardo Soto

Carlos Gameiro

Diana Trindade

João Simões

Nuno Carrusca

 

  

Este foi o meu último ensaio em Portugal antes de começar o terceiro e último Intensivo do mestrado, na ArtEZ. Esta experiência foi a última antes da Apresentação Final.

A estrutura que utilizei neste ensaio foi:

​

1- Fora da sala - Introdução ao Público - descrição do cenário e explicação do que vai acontecer em cena e do papel do Público;

2- Dentro da Sala - carta ao Público sobre a relação Actriz-Público;

3- Olá, eu sou a Actriz - apresentação;

4- Primeira história - convenções;

5- Questionário ao Público e explicação do dispositivo;

6- Segunda história - a natureza desta peça;

7- Perguntas sem dispositivo;

8- A Actriz bebe chá;

9- Intervalo;

10- Acordo;

​

Esta foi a estrutura que resultou dos ensaios anteriores com público.

Este ensaio serviu para perceber como funcionava na prática esta estrutura. A pertinência das histórias e como é que estas se intercalam com as perguntas. Como é que o público reagia nas diferentes partes da apresentação e se as transições de uma parte para outra eram claras. 

Este foi o ensaio em que defini o modelo da Apresentação Final.

É este que tenho vindo a desenvolver em todas as apresentações. As pequenas alterações  que fiz foi omitir a carta ao Público, por achar que esta não está desenvolvida ou não será, de todo, necessária. 

 

O feedback  foi bastante positivo. Foi claro para os participantes o papel do Público e o da Actriz, assim como o dispositivo utilizado. 

Neste ensaio, o público na pergunta número três (O valor do bilhete deve ser:) escolheu a resposta F (decidido no final de acordo com a experiência). Quando acabou o ensaio da peça e eu disse 'blackout', voltei a perguntar o valor do bilhete. Uma curiosidade acerca desta experiência foi que me pagaram em géneros (um jantar, um almoço, uma frase). 

IMG_0124.JPG
IMG_0126.JPG

Acordos:

O Acordo #5 é o proposto ao Público.

O Acordo #6 são as escolhas do Público

O que foi acrescentado pelo Público ao Acordo original está sublinhado.

#5

question #3

No dia 14 de Junho de 2019, entre as 11:30 e as 12:30 horas, a actriz Maria João Falcão (adiante denominada ACTRIZ) e os membros do Público (adiante denominado PÚBLICO), acordam que:

 

1- A ACTRIZ propõe ao PÚBLICO representar uma “peça” que foi pensada, preparada e ensaiada pela própria e que acontece agora em tempo real;

2- Convenções que gostava de manter:

A- apresentação do bilhete à entrada;

B- não há bebidas/comidas durante o espectáculo;

C- o PÚBLICO só intervém quando é convidado a isso;

D- blackout no final;

E- aplausos no final;

3- Quanto deve custar o bilhete?

A- deve ser um convite porque a ACTRIZ convidou o Público para uma experiência do âmbito académico;

B- nada, porque também estou a participar na peça;

C- 5 euros;

D- 7, 5 euros, profissionais do espectáculo e 10 euros público em geral;

E- 10 euros, preço único;

F- decido no final consoante a minha experiência;

4- A peça é o que acontece entre ACTRIZ-PÚBLICO;

5- Como ACTRIZ devo representar o que preparei sem fazer concessões ou sem subestimar o PÚBLICO

6- Como ACTRIZ não devo obrigar ninguém a participar;

7- Como PÚBLICO

A- devo aceitar e respeitar as opções artísticas da ACTRIZ;

B- sou aquele que observa e não o que actua;

C- faço parte de um colectivo;

D- sou indispensável para que o espectáculo se faça;

E- devo ser responsável pelo que estou a ver e pelas leituras que faço;

F- devo ser crítico em relação ao que estou a ver;

8- Como ACTRIZ tenho direito a experimentar;

9- Como PÚBLICO tenho direito a

-gostar/não gostar do espectáculo;

-mostrar o que estou a sentir durante o espectáculo;

-não  participar;

-divertir-me;

-não estar interessado;

-não compreender;

-sair quando quiser;

-dar a minha opinião;

10- Não se deve perder na relação ACTRIZ-PÚBLICO:

11- O espectáculo acaba quando:

​

 

ACTRIZ: ________________________

PÚBLICO: _______________________

#6

reply F

On this the 14th day of the month of June, in the year 2019, between 11:30 am and 12:30 pm, the actress Maria Joao Falcao (hereinafter the “ACTRESS”) and the Members of the Audience (hereinafter the “AUDIENCE”) agree on the following:

​

1-The ACTRESS proposes to make a performance to the AUDIENCE that has been thought out, rehearsed and now takes place in real time;

2-  Theatrical conventions I would like to keep:

     presenting a ticket at the entrance and applause at the end;

3-The price of the ticket should be:

      decided at the end, depending on the experience;

4-The performance is what happens between ACTRESS-AUDIENCE;

5-The ACTRESS should perform what she has prepared without compromising or underestimating the AUDIENCE; 

6-The Actress should respect if the AUDIENCE does not want to participate;

7- The AUDIENCE:

     should respect the artistic options of the ACTRESS;

8-The ACTRESS has the right to experiment;

9-The AUDIENCE has the right:

- to like/do not like the PERFORMANCE;

- to show what is feeling during the PERFORMANCE;

- to refuse to participate;

- to have pleasure/fun;

- to not be interested;

- not to understand;

- to leave;

to give feedback;

- document the performance;

10- Should not be lost in the relationship ACTRESS-AUDIENCE:

       exchange and commitment;

11- The performance ends when:

       the ACTRESS claps her hands (once) and says 'FIM';

​

ACTRESS: ________________________

AUDIENCE: _______________________

Ensaio #6

Date: 21/06/2019

Local: Theatre 3, ArtEZ

People attending: 5

Alexandra Tsotanidou

Dieter Defurne

Flora McMurtrie

Pavlos Kountouriotis

Penelope Morou

exp6.3.jpg

Nesta experiência não propus nenhum acordo. Apresentei apenas a Introdução fora da sala e as três histórias. E acrescentei um monólogo que pensava utilizar durante o questionário.

​

Uma das minhas maiores preocupações neste ensaio era a do inglês. Apesar de ter algum domínio da língua, o meu inglês torna-se bastante limitado na altura de improvisar. Queria, portanto, praticar como é que abordava o público, introduzia e contava as histórias. A articulação do meu discurso, a clareza do vocabulário, do conteúdo e da maneira como dizia o texto. 

Este ensaio serviu também para perceber a minha relação com o público. Serviu para treinar a minha presença em frente ao público.

Esta experiência foi no teatro onde ia ser a Apresentação Final. Assim, pude ensaiar onde e como é que organizava cenicamente as diferentes partes da apresentação. 

​

​Este ensaio revelou duas coisas:

- a minha necessidade constante de ir acrescentando texto - acrescentei um monólogo. O meu preconceito de que uma Actriz tem que dizer texto;

- sempre que ficava nervosa, tinha uma tendência para agradar, seduzir o público

 

Estas 'revelações' tornaram evidente que havia uma falta de desenvolvimento da personagem Actriz. Esta personagem ainda não estava clara para mim. E deveria continuar a desenvolvê-la.

​

​

​

​

​

​

 

​

bottom of page